quarta-feira, 7 de março de 2007

Abre-Portas / Algum Dador...


Algum dador…
Vasco Carvalho

Cá estou eu na minha normalidade,
Sozinho com esta diária conformidade
De que me sinto anormal
Ainda que muito normal seja.

O meu corpo anseia e deseja
Por outro corpo.
Mas não é um corpo qualquer:
Apenas o corpo que eu quiser.

E há algo em mim que,
Querendo ficar acompanhado
Fica ainda mais sozinho
Do que aquilo que tinha esperado.

E sonhado…

Sou um pequeno monstro
Dentro da minha maravilhosa pessoa.

Um monstro zangado e com fome,
Que afugenta até aquilo que come,
Ou deseja comer,
E deixa fugir o seu alimento que o faz fluir
Na vida e no amor.

Sou um horror solitário,
Um negro no solário,
Uma borbulha de acne vislumbrante
Numa cara linda, bonita, dislumbrante.

Sentindo-me sozinho
Preciso de alguém que me dê um bocadinho
De si para mim
Para eu ser diferente.
@@@

segunda-feira, 5 de março de 2007

Buraco Negro / Preciso


Preciso
Vasco Carvalho

Brrr… Frio.
Doente de nada
Apesar da dor de garganta.

É me difícil falar
E cantar.
Centro a minha fuga no tocar
E no escrever quando me apetecer.

Faltam-me horas à vida
Que ainda não vieram.
Falta-me aquilo que mereço.

Será que mereço?

O meu coração diz que sim
E o meu corpo também
E, ainda assim,
Nada tenho que me contente
Apenas a caneta e o papel
E a guitarra.
@@@